Conforme os primeiros cartões de Vale-Cultura são emitidos, empresas do setor cultural começam a ser habilitadas para recebê-los como pagamento -mesmo que às vezes não saibam disso.
Lançado oficialmente em janeiro, o Vale-Cultura é um cartão magnético oferecido por empresas a funcionários como benefício. Mensalmente, são depositados neles R$ 50 para serem gastos em atividades e produtos culturais.
Na outra ponta, as empresas que irão receber pagamentos com Vale-Cultura devem estar credenciadas em uma das 24 operadoras do programa (que também fazem a emissão dos cartões).
Com isso, podem aceitar pagamentos com Vale-Cultura nas máquinas em que passam cartões de crédito.
Cada operadora tem seu próprio cartão. Caso o empresário queira receber todos, tem de estar credenciado nas 24 operadoras.
Segundo a ministra da Cultura, Marta Suplicy, são até o momento 68 mil os estabelecimentos habilitados para receber o Vale-Cultura.
Ela diz que o ministério vem pedindo agilidade às operadoras para que realizem a habilitação das empresas a fim de que recebam pagamentos com o cartão. E sugere que os empresários sejam ativos e peçam habilitação.
“Recebi um grupo de donos de teatros independentes que se queixavam de que não conseguiram receber de espectadores que queriam pagar com o cartão. Entramos em contato com a operadora para entender o que estava acontecendo. É natural, vai demorar para adaptar tudo.”
Por outro lado, nem todos os empresários que, segundo operadoras, já podem receber o cartão, sabem disso. A Alelo, por exemplo, mostra em seu site 224 estabelecimentos aptos na cidade de São Paulo.
A Folha entrou em contato com algumas dessas empresas. De oito, quatro disseram que não estavam habilitadas, mesmo estando listadas no site da operadora. As demais confirmaram estar aptas a receber os vales.
Ellen Muneratti, diretora comercial da Alelo, diz que a atualização da máquina de cartões de muitos empresários foi feita remotamente. Como alguns ainda não receberam uma visita da operadora para orientação e colocação do material promocional, ainda não sabem disso.
PREPARAÇÃO
Pacífico Pereira Cruz, 45, sócio da loja de filmes Visual, é um dos que estão prontos para a chegada dos vales, com adesivos de divulgação na loja: “Vieram oferecer [a habilitação] e aceitamos. Mas cliente que é bom, até agora, não veio”, conta.
As bancas de jornal estão entre as beneficiárias do Vale-Cultura. O desafio para o setor é fazer mais jornaleiros aderirem às leitoras de cartão.
Segundo José Antônio Mantovani, presidente do Sindjorsp (sindicato da categoria em São Paulo), 30% das bancas possuem leitoras.
Mantovani considera que o Vale-Cultura deve levar a uma expansão do faturamento do setor. Porém, as taxas cobradas por operação, que diz estarem em 5% do valor de cada venda, inibem a adesão de mais bancas.
Ele acredita que o interesse vai aumentar quando houver mais vales em circulação.
Fonte: Folha de S. Paulo; Clipping da Febrac- 17/2/2014.