Contém ou não glúten? Qual o prazo de validade? O teor de sódio é compatível com dietas de restrição ao sal? Provavelmente você tenha essas dúvidas ao comprar alimentos e bebidas no supermercado.
O cuidado preventivo da saúde seria facilitado se houvesse mais padronização e informação na rotulagem de produtos alimentícios. Ou seja, se os dados sobre glúten, açúcar, sódio, gordura e validade ficassem em destaque, no mesmo lugar.
Além disso, letras e números miúdos dificultam a consulta por pessoas idosas ou com limitações de visão. Tais dados não são meros detalhes, nem excesso de exigência dos consumidores. São fundamentais à qualidade de vida.
Glúten é uma proteína presente em vários tipos de cereais (trigo, centeio, cevada). Para quem é alérgico, como os celíacos, consumir alimentos com esta proteína pode provocar consequências como intercorrências intestinais.
Geralmente, imaginamos que haja glúten em farinhas, massas, biscoitos, pizzas e pães. Mas esta proteína também pode estar presente, por exemplo, em condimentos como mostardas e ketchup.
Não deveríamos ser obrigados a procurar no rótulo se determinado alimento contém glúten. E datas de fabricação e de validade deveriam estar sempre bem visíveis.
Há outras dúvidas neste campo, como qual o percentual máximo de sódio recomendado a quem tenha hipertensão, problemas renais e doenças impactadas pela quantidade de sal consumida.
Da mesma forma, fazemos muita confusão entre produtos diet, light e zero. Qualquer alimento ou bebida destinado a dietas é diet. Pode ter açúcar, contudo, se a restrição for o sódio ou a gordura.
Os produtos dietéticos podem ser light ou zero. Light são aqueles com redução de nutriente (açúcar, sal, gorduras etc.) ou menor valor energético. Quando a embalagem informa que o produto é zero, geralmente não tem açúcar.
Um alimento dietético pode não ter açúcar, mas muita gordura em sua composição. Ou ser diet e conter glúten. Pães integrais, por exemplo, associados a dietas mais saudáveis, muitas vezes têm alto teor de sódio.
É fundamental que o consumidor aprenda o que deve comprar para cumprir determinada dieta, prescrita em função de doenças crônicas, aumento temporário de algum indicador de saúde (como glicose, triglicérides e colesterol ruim) ou pela necessidade de emagrecer.
A indústria alimentícia poderia avançar na padronização e tornar as informações mais legíveis e compreensíveis, pois há cada vez interesse dos consumidores em seguir dietas saudáveis. Enfim, dá trabalho cuidar bem da saúde, mas nem preciso enfatizar que vale a pena.
Maria Inês Dolci
Advogada especialista em direitos do consumidor, foi coordenadora da Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor).
Fonte- Folha de São Paulo- 30/1/2019- https://www1.folha.uol.com.br/colunas/mariaines/2019/01/caca-a-informacao-nos-rotulos-dos-alimentos-irrita-o-consumidor.shtml