O pequeno e médio empresário brasileiro poderá ganhar vantagens de crédito com ações de sustentabilidade. A perspectiva é de que redes comprometidas com ações sociais, ambientais e de governança entrem na mira de bancos e investidores.
“Quando pensamos em investimento, procuramos os negócios que apresentem – no médio e longo prazos – mais retorno financeiro. E um dos itens que saltam aos olhos são as ações sustentáveis da empresa”, afirmou o CEO do Itaú Asset Management, Gustavo Miguel.
Da mesma opinião partilha o gerente executivo de renda variável da Fundação Cesp (Companhia Energética de São Paulo). Segundo o executivo, que administra R$ 22 bilhões em patrimônio para 120 mil participantes em planos de previdência e saúde, um diferencial na hora de fazer investimentos é a responsabilidade social. “Privilegiamos as empresas que possuem um investimento responsável, porque as empresas, em longo prazo, apresentam menos risco de perda de dinheiro”.
Para o professor do Instituto Coppead de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Celso Funcia Lemme, a sustentabilidade precisa nascer das pequenas e médias empresas. “O Brasil é feito de PME. Se falássemos de sustentabilidade só para as companhias de capital aberto, não seria uma realidade do País”.
Na opinião do professor, as ações sustentáveis não demandam grandes investimentos. “Quando uma padaria deixa de usar forno à lenha, por exemplo, ela está sendo sustentável. Se um restaurante cuida do descarte do lixo ou ganha uma certificação por redução no consumo de água, ele está sendo sustentável e isso contará para que ele consiga traçar novos caminhos e ganhar mais crédito”.
Um exemplo de empresa média, na opinião do professor, é a rede de academias EcoFit, que apoia seu diferencial em ações sustentáveis. “Eles diminuem o gasto com energia, repensam a forma de utilização de água e ganham destaque no mercado, além de economias financeiras”, disse.
Empresas e riscos
Para o gestor de renda variável da Itaú Asset Management, Luiz Felix Cavallari, os riscos de desvalorização de mercado de uma empresa é menor quando ela toma ações sustentáveis. “Podemos usar como exemplo empresas da construção civil. Ela corre, em vias gerais, três riscos: legal, operacional e reputacional”. O executivo detalha que os riscos operacionais são a perda de eficiência em razão de baixa moral dos funcionários. Já o operacional se apoia na fuga de clientes em razão das más condições de trabalhadores, enquanto o legal é um risco gerado por indenizações por situações desgastantes (como trabalho escravo). “Analisamos cinco empresas do ramo e percebemos que o grupo que sofreu com escândalos de trabalho escravo foi o que mais sentiu desvalorização de mercado”.
Fonte: DCI – SP- 28/3/2014; Clipping da Febrac.