Qual é a sensação de participar do primeiro Eneac como presidente da Febrac?
O Eneac é hoje o maior evento do setor, prestigiado por parceiros, fornecedores e prestadores de serviços vindos de todos os cantos do Brasil, que se beneficiam da rica troca de experiências e da vivência de palestrantes de alto nível. Ao mesmo tempo, estamos falando de uma indústria [limpeza] que vem lutando incessantemente por condições mais justas para a prática do empreendedorismo. Por isso, para esta edição, decidimos por uma programação diversificada, que alia os assuntos pertinentes à categoria, mas que também apresenta uma roupagem motivacional.
Um dos temas abordados diz respeito ao “e-social” – projeto do Governo Federal que vai unificar o envio de informações pelo empregador em relação aos seus empregados.
Trata-se de um assunto extremamente relevante para o nosso público, principalmente para um setor que congrega empresas de perfis e estruturas tão distintas. Acreditamos que as dificuldades em se implantar um projeto como esse aumentam e diminuem conforme o local onde essa empresa desenvolve suas atividades. Parece mentira, mas as dimensões continentais fazem com que o nosso País tenha regiões ainda sem acesso à Internet, o que inviabiliza o “e-social”. É preciso orientar o empresariado sobre essa e outras questões, para que ele possa atender à legislação. Porque, no geral, tenho certeza que a medida do Governo Federal vem para melhorar os processos.
Qual é o maior desafio do setor de limpeza e conservação hoje?
Os obstáculos são alguns, a exemplo do cliente que continua contratando mal. Houve uma mudança, mas pequena. A visão é ainda pelo menor preço e ponto. Não são contempladas as contribuições sociais, tributárias etc. O cliente, por também não entender a forma como é calculado o preço e a complexidade da atividade, acaba comprando errado. Nos estados fora das Regiões Sul-Sudeste, isso é mais comum. Na licitação, os pregoeiros ainda são o maior calo no nosso sapato. Não analisam se as empresas são “de fachada” ou não.
E a mão de obra?
É outro ponto a ressaltar, porque faltam trabalhadores e os que se candidatam não têm capacitação. Some-se a isso a questão da tecnologia. Ela é positiva, bem-vinda, mas tratada de maneira equivocada. A compra, muitas vezes, é super ou subdimensionada. Se o equipamento apresenta algum defeito, logo é deixado de lado, o que pressiona a mão de obra a correr atrás do prejuízo. É preciso uma parceria forte entre fabricantes, empresas de suporte técnico, prestadores de serviços e contratantes. O investimento é alto e só vai se justificar se o equipamento fizer o que promete em conjunto com o conhecimento do agente de limpeza. Paralelamente, o Governo Federal poderia ajudar no financiamento dessa tecnologia, enquanto arquitetos e construtores precisariam ter uma matéria específica sobre limpeza e conservação na grade curricular, para então dimensionar corretamente essas instalações. Existem locais, que de tão pequenos fica impossível operar um equipamento adequadamente. Tem máquinas que não entram no elevador, e por aí vai…
Qual é a sua mensagem para os empresários do setor?
Pegando o gancho da palestra de Paulo Storani: “Vá e vença!”. Que saiamos daqui motivados. Afinal, somos empresários/pessoas que já realizaram muito, que levantaram tijolo por tijolo de suas empresas, que têm conhecimento e experiência. Então, que arregacem as mangas! A terceirização é irreversível e não seremos afetados ao ponto de ter de mudar de negócio. O segredo está em mostrarmos que somos grandes geradores de emprego, que levamos este País com o propósito de somar para a sociedade. Abrir as portas para quem quer entrar no segmento é muito positivo. É dar dignidade às pessoas, empregar os excluídos, pagar salário em dia, fornecer alimentação, transporte, uniforme. O segmento tem uma grande importância para o País. E é exatamente isso que a minha gestão mostrará para o Brasil, com acessibilidade, responsabilidade social, sustentabilidade e ética.
Fonte: Revista Infra; Clipping da Febrac- 6/11/2014.