O crédito escasso e as altas taxas de juros reforçam a tendência de aumento nas tarifas dos cinco maiores bancos do País. Tais receitas somaram R$ 57 bilhões no primeiro semestre e, mesmo com perspectiva otimista da economia, devem continuar a crescer.
Das cinco maiores instituições do País, o Santander foi o que apresentou a maior alta nas receitas de prestação de serviços e cobranças bancárias no período com relação ao ano passado (de R$ 5,7 bilhões para R$ 6,4 bilhões, alta de 11%). Por meio de nota, o banco especificou que “a elevação das receitas de comissões reflete o aumento do volume de transações realizadas com a instituição”, além da ampliação de clientes e operações de não correntistas.
Em seguida vieram Bradesco, com aumento de 9,8% (de R$ 11,8 para R$ 13 bilhões); Caixa Econômica Federal, com +9,4% (de R$ 9,9 para R$ 10,8 bilhões); Banco do Brasil, com alta de 7,6% (de R$ 10,7 para R$ 11,6 bilhões) e Itaú, com receitas 7,1% maiores (de R$ 14,4 para R$ 15,1 bilhões).
Já a Caixa, também por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que “para potencializar a evolução dessas receitas, o banco tem buscado ampliar o relacionamento com clientes, ofertando produtos adequados para cada perfil”.
Procurados pelo DCI, as demais instituições financeiras não quiseram se posicionar ou não responderam até o fechamento desta edição.
Segundo o analista da Planner, Victor Luiz de Figueiredo Martins, com o ambiente de crédito menor, essas instituições veem a “necessidade de atacar por outras frentes”.
“Além da inclinação em realinhar suas carteiras, passando os bons clientes para linhas com tarifas mais caras, na medida em que novas operações surgem, a reprecificação dessas cobranças também tende a acontecer”, identifica.
De acordo com a advogada e sócia da Brasprevi, Maristela Magalhães, apesar de as tarifas estarem presentes no contrato, é preciso estar atento para cobranças indevidas. “Principalmente porque temos visto muitos casos de cobranças de taxas e tarifas que aparecem de repente no extrato por causa de mudanças nas contas ou pacotes contratados”, destaca.
Estratégia
Os especialistas ressaltam, ainda, que esse maior impulso dos bancos é algo que continua mesmo com a melhora da crise econômica do País.
“A estratégia não é somente compensar o aumento dos custos para as instituições, mas também de maximizar o lucro. Normas do Banco Central e a competitividade, no entanto, impõem certo limite”, explica o professor de economia do Mackenzie, Pedro Raffy Vartaniam.
“Mesmo que a situação melhore, será gradativo, o que deixa um peso ainda maior das tarifas na composição dos resultados, no curto prazo”, completa Miguel de Oliveira, diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac).
Também por meio de nota encaminhada pela assessoria de imprensa, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirmou ao DCI que “dentro das normas, cada instituição determina os preços de acordo com sua estratégia”, e que, porém, “todos os clientes bancários têm direito ao pacote de serviços essenciais, que é isento da cobrança de tarifas”.
Fonte- DCI- 19/9/2016- http://www.seteco.com.br/bancos-reforcam-tarifas-com-credito-escasso-dci/