Tais classificações dariam aos acionistas, diretores corporativos, gestores e consumidores informações sobre o comprometimento das companhias em melhorar a saúde dos seus trabalhadores e indicariam se tais esforços estão dando resultado.
Doenças crônicas, tabagismo e obesidade podem elevar os custos médicos das empresas, mas um crescente número de pesquisas sugere que elas também podem afetar a produtividade e o desempenho.
Uma aliança entre empregadores e seguradoras, chamada Grupo de Trabalho de Métricas de Saúde, tem promovido reuniões há mais de um ano para encontrar uma forma de coletar, interpretar e divulgar esses dados em relatórios anuais ou outros documentos financeiros.
Derek Yach, presidente do grupo de trabalho e diretor de saúde do Vitality Group, unidade da seguradora sul-africana Discovery Ltd , diz que a classificação da saúde da força de trabalho oferece aos investidores e consumidores uma outra forma de avaliar a produtividade, a gestão e o comprometimento com o bem-estar dos funcionários de determinada empresa. A Vitality oferece programas de saúde e bem-estar aos empregadores e pode se beneficiar se mais empresas adotarem métricas sobre saúde.
O grupo de trabalho pretende desenvolver indicadores padronizados sobre a saúde dos funcionários que possam ser verificados por auditores externos, algo similar aos padrões de contabilidade financeira, diz Yach. Outro modelo seria o dos relatórios corporativos de impacto ambiental, que tem se tornado algo cada vez mais comum, diz ele.
Yach divulgou um relatório e exemplos de pontuações de métricas de saúde empresarial no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. Algumas das questões consideradas na avaliação: “Há alguma pessoa encarregada da saúde e bem-estar dos funcionários na sua empresa?” e “Sua empresa mantém um ambiente de trabalho livre do cigarro?”
“Nós queremos que isso seja uma ferramenta de gestão séria usada paralelamente às ferramentas de administração financeira”, diz Yach. “Eu considero o nível de obesidade na força de trabalho, o estresse e a depressão temas [a serem levados em conta] no desempenho do negócio de uma empresa.”
Qualquer informação sobre saúde seria divulgada de forma consolida para estar de acordo com as leis de saúde e privacidade.
Poucas empresas divulgam de forma sistemática e publicamente suas métricas de saúde. “Todos os membros do grupo de trabalho apoiam o conceito de divulgar as métricas de saúde dos funcionários, mas se isso será implementado — e como — vai variar significativamente”, diz Shahnaz Radjy, gerente de projeto da iniciativa e especialista sênior em comunicação do Instituto Vitality.
Kyu Rhee, diretor de saúde da IBM, diz que a empresa há muito tempo é comprometida com uma “abordagem baseada em evidências e dados sobre o bem-estar dos funcionários”.
A Allegacy Federal Credit Union, cooperativa de crédito sem fins lucrativos da Carolina do Norte e membro do grupo de trabalho, divulgou no ano passado, pela primeira vez, dados sobre a saúde de seus empregados para os seus cerca de 125 mil membros. O relatório avaliou fatores como o comprometimento da liderança com o bem-estar e a satisfação no trabalho da sua equipe de 350 pessoas.
Os dados publicados pela própria cooperativa não foram auditados por uma entidade independente, diz Garrick Throckmorton, executivo de recursos humanos da Allegacy. Pelo cálculo que feito pela própria empresa, a Allegacy obteve 49 pontos em uma escala que vai até 55 pontos — sugerindo que seus esforços voltados para o bem-estar dos funcionários estão dando certo.
Esse número “nos permitiu demonstrar a nossos acionistas e aos nossos diretores do conselho que somos sérios em relação à saúde dos empregados”, diz Throckmorton.
As empresas que obtêm uma avaliação alta no que diz respeito à saúde dos seus funcionários podem colher também benefícios financeiros. Três estudos sobre a relação entre o desempenho das ações e o bem-estar corporativo no Journal of Occupational and Environmental Medicine, publicação especializada em medicina ocupacional, descobriu que o desempenho nas bolsas das empresas com programas de saúde com bom resultado superaram o índice da Standar & Poors em até 16% ao ano.
Atribuir um único número para classificar o nível de saúde de milhares de trabalhadores é algo arriscado, que envolve inúmeras variáveis. Ainda assim, alguns empregadores querem reduzir a equipe de saúde a uma única pessoa, diz Paul Mendelowitz, diretor médico e de informática para a saúde da ActiveHealth, empresa americana de análise de saúde e subsidiária independente da companhia de assistência média Aetna Inc.
A ActiveHealth está desenvolvendo um algoritmo que pode atribuir uma pontuação para a saúde de um grupo de funcionários. Ele deve começar a ser testado com empresas clientes nos próximos meses, segundo Mendelowitz.
Fonte: The Wall Street Journal; Clipping da Febrac- 29/1/2016.