A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho proveu recurso da Procuradoria-Geral da União (PGU) e julgou válida a autuação realizada por um auditor fiscal do trabalho que constatou irregularidades contratuais na Sorin Biomédica Industrial Ltda., de São Paulo. Segundo o auto de infração, a empresa mantinha 11 trabalhadores sem registro, não recolhia o FGTS.
A empregadora tentou demonstrar, em ação ajuizada na 13ª Vara do Trabalho de São Paulo, a incompetência do agente público na aplicação da penalidade, alegando caber ao Poder Judiciário verificar os vínculos de trabalho e julgá-los válidos ou não. Quanto aos trabalhadores sem registro, afirmou serem “autônomos prestadores de serviços de caráter eventual”.
O juízo de primeiro grau acolheu os argumentos da empresa e anulou a cobrança administrativa referente aos débitos do FGTS. Em recurso ordinário ao Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP), a União questionou a sentença, mas ela foi mantida.
Em recurso ao TST, a União apontou violação aos artigos 114 da Constituição Federal e 41, caput, 626 e 628 da CLT. Argumentou ainda que os auditores fiscais, na condição de agentes públicos, têm por atribuição assegurar o cumprimento de disposições legais e regulamentares, “inclusive as relacionadas à segurança e medicina do trabalho no âmbito das relações de trabalho e de emprego”.
Os ministros reconheceram as violações citadas, e reconheceram a competência do auditor para autuar a empresa. “Não há como apoiar a tese do Regional”, afirmou o ministro Alexandre Agra Belmonte, relator do recurso. Fazendo menção à CLT, o ministro ressaltou que “toda verificação em que o auditor fiscal concluir pela existência de violação de preceito legal deve corresponder, sob pena de responsabilidade administrativa, a lavratura de auto de infração”.
A decisão foi unânime. Após a publicação do acórdão, a empresa opôs embargos de declaração, rejeitados pela Turma.
Processo: RR-1200-12-2009.5.02.0013
Fonte- TST- 2/6/2015.