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Pesquisa de sindicato laboral aponta avanço na ascensão social e na escolarização do trabalhador terceirizado

Dando continuidade à série de pesquisas sobre a terceirização elaboradas pelo economista e professor titular da Unicamp Marcio Pochmann, o SINDEEPRES apresentou no dia 18/3 um estudo inédito: Sindeepres, Trabalhador Terceirizado em Ascensão: Crescimento, Direitos e Conquistas.

Estudo disponível no site do SINDEEPRES (www.sindeepres.org.br)

Por meio de um levantamento quantitativo e estratificado, o estudo se concentrou em entrevistar trabalhadores terceirizados em todo o estado de São Paulo, com o objetivo de coletar uma amostra informativa a respeito da categoria sob a perspectiva dos empregados em empresas de terceirização.

“As 60 questões permitiram conhecer bem quem é esse trabalhador sob o ponto de vista dele: como ele se vê dentro da categoria, a mobilidade social proporcionada pela profissão, como ele vê o sindicato e as transformações que ocorrem em sua atividade e o quanto ele valoriza os direitos sociais e trabalhistas”, explica Pochmann.

Com os resultados das entrevistas, o estudo foi dividido em três partes: (i) o perfil socioeconômico do trabalhador; (ii) as percepções do trabalhador sobre a empresa em que trabalha; e (iii) as percepções gerais sobre os trabalhadores em empresas terceirizadas.

Dentre as informações obtidas, houve avanço na escolaridade do trabalhador terceirizado compatível com ascensão escolar da população brasileira. Do total, 57% possuem ensino médio e 15% têm ensino superior. “Houve uma mobilidade intergeracional, isto é, a escolaridade do trabalhador terceirizado é melhor que a de seus pais”, observa Pochmann.

O estudo apontou uma fase de mobilidade social dos trabalhadores terceirizados. “É o fenômeno de que tanto se tem falado no Brasil, a mobilidade financeira ou ascensão social. É o debate da nova classe média. E um dos personagens típicos dessa mobilidade é o trabalhador terceirizado”, ressalta o professor.

Outro ponto importante diz respeito à origem do trabalhador terceirizado. Em sua maior parte, ele nasceu em São Paulo. “Há mais ou menos 20 anos, o trabalhador terceirizado era proveniente de outras regiões. Hoje ele é paulista”, afirma Pochmann.

A respeito das percepções do trabalhador em relação à empresa, a maioria valoriza as garantias de direitos sociais e trabalhistas proporcionados pelo regime da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

 “Há um movimento no Brasil que tenta acabar com a terceirização. O que é uma fala impossível de entender, pois a terceirização está em todos os lugares. Mais do que pensar em acabar com ela, devemos reconhecer este fenômeno global irreversível e tentar melhorar as condições de renda e de contrato de trabalho do empregado terceirizado. Recorde-se que mais de 12 milhões de trabalhadores e cerca de 40 milhões de brasileiros estão vinculados a este setor. O estudo mostra que a terceirização não é o mito de que se fala por aí. Além de conhecermos melhor a categoria, as informações são importantes para traçarmos metas para 2014, no intuito de ampliar ainda mais seus direitos sociais e trabalhistas”, disse o presidente do SINDEEPRES, Genival Beserra Leite, depois da apresentação da pesquisa.

Abaixo, outros destaques da pesquisa sobre o trabalhador terceirizado:

•A categoria profissional dos trabalhadores em empresas de terceirização de São Paulo é constituída por 2/3 de paulistas e 1/3 de nascidos em outras unidades da Federação; metade dos que imigraram chegou depois de 2003.

•Praticamente 4/5 dos empregados terceirizados possuem ensino médio ou superior; 55% do total têm filhos.

•A metade dos trabalhadores tem até 29 anos de idade; 36% do total declararam ser de cor/raça branca.

•64% têm tempo de serviço de até um ano na atual empresa.

•2/3 do total dos ocupados em empresas de terceirização se concentram em apenas 6 setores de atividades: serviços gerais (15%), limpeza e conservação (14%), vigilância e segurança (12%), processamento de dados (8%), logística e distribuição (6%) e telemarketing (6%).

•Antes de serem empregados, 56% dos trabalhadores permaneceram, em média, até 5 meses desempregados, tendo 52% deles utilizado o contato com familiares, parentes e amigos para serem contratados.

•Os trabalhadores de 45 anos ou mais de idade, com até o ensino fundamental completo e renda familiar mensal superior a 5 salários mínimos acreditam que o emprego terceirizado é vantajoso.

•Mais de 55% do total dos empregados já tiveram outra experiência anterior de trabalho em empresa de terceirização, sendo 67% dos que estão sindicalizados tomaram a decisão a menos de um ano da contratação.

Estiveram presentes no lançamento do estudo o advogado, ex-ministro do Trabalho, ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho e jurista Almir Pazzianotto Pinto; o superintendente regional do Trabalho e Emprego de São Paulo, Luiz Antônio de Medeiros Neto; o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah; o jornalista, professor titular da USP e consultor político Gaudêncio Torquato; o presidente do Sindeeprestem, Vander Morales; e o assessor da Direção Técnica do Dieese Ademir Figueiredo, além de Robson Tomaz, representante do secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Henrique Alves, e Fabricio Cobra Arbex , representante do secretário estadual da Casa Civil, Edson Aparecido.

Fonte- Cebrasse- 19/3/2014.

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