O trabalho diário do banqueiro é diferenciar o bom pagador do caloteiro. Esse processo se sofisticou muito nos últimos tempos com o uso de informações cadastrais e ferramentas de análise de comportamento. Agora, os cinco maiores bancos brasileiros – Banco do Brasil, Caixa, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander – vão lançar uma empresa para cuidar dos milhões de tomadores de empréstimos. A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) anunciou, na quinta-feira 21, a criação da Gestora de Inteligência de Crédito, que irá consolidar as informações de todos os clientes desses bancos.
Além de atender aos sócios, que terão 20% do capital cada um, a nova companhia vai prestar serviços para outros participantes do mercado financeiro. “Ela vai coletar os dados sobre inadimplência e estruturá-los de forma a criar uma classificação de risco de crédito do cliente”, diz Murilo Portugal, presidente da Febraban. “Essa classificação poderá ser usada pelas empresas e instituições financeiras para avaliar o risco de crédito de seus clientes efetivos ou potenciais”, diz ele.
Portugal afirma que a nova empresa terá uma atuação mais abrangente do que o cadastro positivo, imposto ao sistema financeiro pelo Banco Central em 2011 e que não chegou a ganhar tração. “Será um serviço complementar ao cadastro positivo”, diz ele. O fato de ser uma empresa controlada pelos bancos garante a eles que esses dados serão tratados com carinho. O temor de compartilhar as informações de quem eram os bons pagadores com os concorrentes travou o crescimento do cadastro positivo na prática.
A decisão deve dificultar a vida das empresas que se dedicam a informar quais clientes deixaram de honrar seus compromissos, os chamados birôs de crédito, empresas como Serasa Experian. Os bancos gastam cerca de R$ 1 bilhão por ano com essas empresas, dinheiro que deixará de entrar em alguns anos. O impacto sobre o crédito será pequeno. “A criação da nova empresa deve aumentar a penetração do crédito ao longo do tempo, especialmente no caso de empréstimos de médio e longo prazo”, diz Tito Labarta, analista do Deutsche Bank em Nova York. “Porém, ainda vai demorar alguns anos para que os benefícios sejam percebidos.”
22/1/2016
Fonte- http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/financas/20160122/novo-cadastro-positivo/336450