Ser capaz de se posicionar estrategicamente, atravessar paradoxos e transmitir credibilidade para o resto da organização, sem perder de vista a importância da cultura organizacional, das regras e de incorporar novas tecnologias ao trabalho. Um novo estudo conduzido pelo especialista Dave Urich definiu as nove competências mais importantes para um profissional de recursos humanos – e os brasileiros ficaram abaixo da média global em quase todas elas.
Realizada a cada cinco anos pelo grupo RBL, a pesquisa define um “modelo de competências” da área de gestão de pessoas, e reúne nove habilidades consideradas essenciais para os profissionais da área no mundo atual. Os autores do estudo entrevistaram mais de 30 mil pessoas de todas as regiões, o que inclui o Brasil, onde a pesquisa teve 895 participantes.
Estudo compara as habilidades mais importantes para os gestores- conheça o quadro clicando no link:
O levantamento é realizado com profissionais da área de RH, que precisam se autoanalisar e avaliar seus pares e subordinados, bem como gestores de outros setores da empresa. O Brasil ficou acima da média em apenas uma competência-chave: a capacidade de navegar paradoxos, que representa saber transitar entre demandas que são aparentemente contraditórias, como necessidades de curto e longo prazo ou dar atenção tanto a funcionários quanto para clientes.
Ela foi considerada a mais efetiva, inclusive, pelos profissionais de outras áreas além do RH. “O Brasil é uma economia sujeita a oscilações, por isso o brasileiro desenvolve competências exigidas por um mercado em que é preciso agir rápido”, diz Cesar Bullara, professor da ISE Business School, que conduziu o estudo no Brasil.
A maior distância entre a média global e a brasileira é na competência que se refere à credibilidade, e mensura se o RH tem influência dentro da organização, sabendo se relacionar e ganhando reconhecimento pelos resultados alcançados. É uma competência que está ligada à capacidade de se posicionar estrategicamente, outra habilidade em que o Brasil ficou abaixo da média global, ainda que por uma diferença menor. “Se eu tenho visão estratégica, isso me ajuda a ter credibilidade interna porque a imagem que se associa ao RH é de alguém que entende minimamente o negócio, sabe como a empresa ganha dinheiro e tem condição de opinar a respeito disso”, diz Bullara.
Ambas também se apoiam na capacidade de navegar por paradoxos. “Para ser visto como efetivo, é preciso conhecer o mercado onde se está, entender as mudanças que estão acontecendo e ser ágil na hora de conciliar dilemas de curto e longo prazo”, diz. O profissional brasileiro se considera detentor dessa visão, portanto, mas falta comunicá-la com mais efetividade para o resto da empresa e integrá-la a seu planejamento interno. “Não é apenas antecipar riscos, mas contribuir para criar a estratégia da organização, entendendo a expectativa de clientes e sabendo como competir com outras empresas no mercado”, diz.
As áreas em que os profissionais de fora do RH percebem um desempenho mais fraco do departamento são desenvolvimento de programas de liderança, plano de sucessão, gestão de performance e a identificação de problemas cruciais para a estratégia da companhia. Em quase todas as competências, no entanto, os profissionais brasileiros de RH se autoavaliaram de forma mais crítica do que seus colegas de outras áreas. “Eles têm consciência de onde poderiam melhorar”, diz Bullara, da ISE Business School.
Fonte: Valor Econômico, por Letícia Arcoverde, 25.04.2016;
http://www.granadeiro.adv.br/destaque/2016/04/25/nove-competencias-essenciais-para-o-profissional-de-rh