Em um momento em que o cenário econômico já estava mostrando reflexo ruim para essas empresas, ter segmentos que antes não eram contemplados na legislação ajudará. A Lei Municipal 16.312, de novembro de 2015, deve entrar em vigor no dia 15 de maio, na capital.
“Temos uma lei estadual que se adequa às cidades do interior, mas a municipal vai ampliar a legislação para atender as necessidades [volumetria] da capital”, diz o presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança (Abseg), Tácito Augusto Silva Leite.
Segundo o executivo, alguns estabelecimentos como parques, casas de shows, prédios comerciais de médio porte e campus universitários menores não tinham a obrigatoriedade de manter uma brigada de bombeiros. “Do ponto de vista financeiro é ruim para os condomínios [comerciais] que vão colocar no custo, mas do ponto de vista humano é um ganho.”
Procurado para analisar o impacto dos custos no segmento imobiliário, o Sindicato da Habitação (Secovi-SP) afirmou que está estudando a Lei para saber sobre os possíveis reflexos no setor.
Já para Leite, com a aplicação em São Paulo é possível que novas capitais adotem as medidas apontadas na Lei. “São Paulo é referência, tem volumetria para isso. Cidades grandes precisam da adequação pelo grande contingente nos locais”, complementa. Um exemplo citado pelo executivo são as universidades. “Pelo tamanho da cidade os campus ficam espalhados e muitos não tinham a obrigatoriedade. Com a lei, um campus pequeno também precisa”, diz.
Segundo a nova regra, as universidades com instalações com pelo menos 3 mil metros quadrados (m²) já precisam adotar o sistema de segurança. Agora, o desafio será a fiscalização. “O município criou uma nova demanda e ainda deve definir quem realizará a fiscalização e como será repartida a multa. Além de quem vai bancar isso”, comenta Leite.
Consultorias de risco
Além do aumento significativo da demanda por bombeiros, o presidente da Abseg aponta que a procura também deverá crescer nas consultorias de risco e entre profissionais das áreas de engenharia de segurança e de técnicos gerenciais. “A lei não especifica como deve ser feito o atendimento, nem a quantidade de bombeiros ou os acessórios que eles devem portar. Isso deve ser estudado caso a caso”, considera.
Entre as empresas de olho na oportunidade de incrementar os negócios, a consultoria Sprink, que fornece o serviço de prevenção de risco e mão de obra qualificada espera aumento de 40% em novos contratos. O membro do conselho de administração da Sprink, Hugo Neves, lembra que para a atender a demanda a empresa deverá contratar entre 400 e 500 novos profissionais. “Alguns estabelecimentos podem precisar de mais de uma brigada”, ressalta. Além dos serviços já ofertados, o executivo apontou que deve lançar novos produtos para se beneficiar com a lei. No entanto, não divulgou qual será.
Segundo Neves, a regra veio em boa hora. “O impacto da instabilidade econômica estava começando agora”, diz. De acordo com ele, os reajustes salariais têm pressionado as prestadoras de serviços e, consequentemente, as renegociações e margens dos contratos. “Esse é o principal gargalo do setor. O reajuste ocorre por estado, mas o problema é o momento, que não é propício”, aponta o executivo, referindo-se à dificuldade de repassar os custos aos clientes.
Empresa de segurança que também fornece o serviço de bombeiro profissional, o Grupo GR acredita que com exigência, a demanda aumentará em torno de 50%. “Deve ocorrer em universidades e no varejo”, estima a diretora jurídica do Grupo GR, Sandra Ferraz. Para ela, shopping centers já têm uma cobrança por gestão de risco, mas no caso do comércio o assunto ainda é novo. A perspectiva é que a empresa atinja faturamento de R$ 500 milhões ao longo de 2016.
Fonte: DCI – SP – 7/4/2016- http://fenacon.org.br/noticias/lei-obriga-adocao-de-bombeiros-civis-em-estabelecimentos-comerciais-491/?utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=Press+Clipping+Fenacon+-+07+de+abril+de+2016