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Grandes bancos elevam uso do cartão para atrair mais clientes

Os grandes bancos tendem a elevar o foco no uso do cartão como porta de entrada de novos clientes. A exigência dos “millenials” e os novos players do mercado, porém, já pressionam a queda de preços, investimentos em tecnologia e aquisição de fintechs para 2018.

O movimento vem em linha, não somente com o surgimento de diversas startups financeiras no sistema financeiro, mas também com o crescimento do mercado de cartões e à rentabilidade do setor às instituições.

Só no terceiro trimestre, por exemplo, os quatro maiores bancos do País (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander) somaram, juntos, mais de R$ 7,63 bilhões em receitas com tarifas de cartões de crédito.

O valor é 3,3% maior do que o observado nos três meses imediatamente anteriores (R$ 7,38 bilhões) e corresponde a mais do que 1/4 (27,1%) das receitas totais com prestação de serviços dessas instituições (R$ 28,10 bilhões de julho a setembro).

De acordo com o consultor da Boanerges&Cia Vitor França, mesmo que a estratégia não seja nova no dia a dia bancário, o momento conjuntural favorece maiores apostas do sistema brasileiro em atrair novos clientes e correntistas.

“Há uma recuperação do consumo e, com o crescimento cada vez mais forte do mercado de cartões, é natural o banco investir nesse produto”, explica o especialista e pondera que, além disso, “é um momento forte de novos players no mercado”.

Dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), por exemplo, apontam que o volume de transações feitas tanto com o cartão de crédito, quanto no de débito avançaram mais de 7,5% de janeiro a setembro deste ano com relação a igual período de 2016 (de 9,09 milhões para 9,77 milhões).

“A associação do sistema financeiro à tecnologia e aos millenials traz à tona a peculiaridade de rentabilidade que um cartão tem para os grandes bancos. É mais fácil colocar um cartão na mão do cliente do que tentar fazê-lo adotar uma conta corrente, e qualquer uso que ele faça, já gera uma receita importante”, avalia França.

Nessa linha, a expectativa de que os grandes bancos estimulem suas ofertas de cartão de crédito e tentem atrair mais clientes para sua base já é vista e deve se concretizar de forma mais significativa em 2018.

Segundo o diretor de meios de pagamentos do Banco do Brasil (BB), Rogério Panca, a visão de trabalhar com não-correntistas é uma forma importante de atuar entre os millenials e trazer maior acesso ao mercado de meios de pagamento.

“Isso corrobora com o posicionamento mais digital que os bancos estão adotando. Além disso, a migração de um cliente de cartão para correntista é natural e cada vez mais frequente”, diz Panca.

Ele pontua ainda que só a conta digital do banco – a Conta Fácil BB, lançada em novembro do ano passado – já possui mais de 1,4 milhão de inscrições, nenhuma sendo de consumidores já clientes do banco.

“Todos esses novos clientes entraram no banco pela porta do cartão digital e muitos deles já evoluíram para a conta completa do BB. A indústria desponta um crescimento de 7,5% e a projeção é de alta de dois dígitos para 2018. Isso estimula não só o Banco do Brasil, mas todo o sistema a atuar com maior afinco no próximo ano”, completa.

Desafios

Por outro lado, a entrada de players mais tecnológicos e menos custosos no mercado pressiona uma postura diferente dos bancos mais tradicionais.

Em novembro, segundo o FintechLab, foi registrado um aumento de 36% no número de fintechs em todo o País em relação a fevereiro, de 244 para 332 startups financeiras.

Para o professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) Silvio Paixão, a pressão dessas startups financeiras tende a gerar uma queda, não apenas nas cobranças de anuidade pelos grandes bancos, mas também nos próprios juros de crédito parcelado e rotativo.

“A indústria precisará adquirir outra dinâmica em 2018 e 2019, na medida que a economia demonstre mais sinalizações de melhora. E isso vem de tal forma que a rentabilidade com os cartões vai mudar para um patamar menor, mesmo que o risco continue estável”, explica o professor.

Ao mesmo tempo, os especialistas ponderam que o movimento “não virá facilmente”, principalmente pela queda já vista nos juros, puxada pela menor taxa básica de juros (Selic). Segundo dados do Banco Central, os juros do cartão de crédito para pessoas físicas alcançaram, em outubro, o menor patamar em mais de dois anos – 76,4% ao ano (4,8% ao mês).

“Como o foco em rentabilidade não muda, o viés é de trazer as soluções digitais. Os bancos devem mudar seu modelo de negócio em 2018 e, ante à dificuldade em acompanhar a velocidade das inovações, tendem a estudar a aquisição das fintechs. Para manter taxas, é a única saída viável”, completa França.

Contatados pelo DCI, Santander, Bradesco, Itaú e Caixa preferiram não se pronunciar.

Fonte- DCI- 8/12/2017- http://www.seteco.com.br/grandes-bancos-elevam-uso-do-cartao-para-atrair-mais-clientes-dci/

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