Benefícios que vão além da licença-maternidade e do auxílio-creche para reter funcionários que têm filhos já são realidade em algumas companhias de grande porte no Brasil. As vantagens vão de berçários próprios, que funcionam durante o expediente, passando por horário flexível e até bonificações financeiras para cada filho que nasce.
Pesquisa recente feita pelo Insper mostra que essa postura das empresas faz todo sentido. Para 90% dos entrevistados, os benefícios não financeiros são os que mantêm os funcionários na companhia ou levam um empregado a considerar uma oferta de emprego em outra empresa.
Anna Carolina Frazão, que é mãe de João Pedro, de dois anos, e gerente de Recursos Humanos da biofarmacêutica Bristol-Myers Squibb, foi contratada quatro meses após o filho nascer. “Vim trabalhar aqui porque sabia dos benefícios. Dei de mamar ao meu filho até ele completar um ano e dois meses. Nunca precisei terceirizar algo para a babá. Isso não tem preço. É a possibilidade de conciliar a carreira com a maternidade”, diz ela, frisando que 54% dos empregados da Bristol são mulheres.
Anna Carolina pode trabalhar em casa uma vez por semana e pode optar por iniciar o expediente entre 7 e 10 horas e encerrar a jornada entre 17 e 20 horas. Além disso, às sextas-feiras ela é liberada ao meio-dia. As regras também valem para funcionários que são pais.
Evolução
Na avaliação de Ana Paula Henriques, consultora sênior de Capital Humano da Mercer, com esse tipo de benefício é mais fácil reter funcionárias em cargos mais altos, de analistas a executivas. A consultora lembra que é impossível para recepcionistas, por exemplo, contar com alternativas como o home office.
“Os benefícios aos empregados ainda têm muito a melhorar. Mas há a percepção dentro das empresas, sobretudo nas de grande porte, de que esses recursos dados no início da maternidade ou paternidade ampliam o comprometimento com o trabalho”, afirma.
Segundo dados levantados pela Mercer, 92% das empresas têm acertado nos acordos coletivos com os trabalhadores o pagamento de auxílio-creche. O valor médio, independentemente do cargo, é de R$ 446,50. Em todos os casos observados pela consultoria, o benefício é pago até as crianças completarem dois anos e meio.
Outra informação interessante é que apenas 23% dessas empresas estendem o recurso para funcionários homens que são pais. “Ainda assim, o Brasil está à frente de países como EUA e Japão. Embora, claro, esteja atrás de Suíça e Dinamarca”, pontua. Nos EUA, não é determinado na legislação o prazo da licença-maternidade.
No Japão, as mulheres têm direito a seis semanas de descanso antes do parto e a oito semanas depois.
Práticas
Aproximação entre família e empresa melhora produtividade das mamães
Berçários que funcionam dentro das empresas no mesmo horário do expediente das mães são prática na Natura, Unilever e Avon. A americana IBM tem um grupo de professores disponíveis 24 horas por dia para tirar dúvidas escolares dos filhos de seus empregados. O Grupo Boticário reembolsa os gastos dos funcionários com educação infantil. Tudo isso num esforço para não perderem as funcionárias que querem ser mães.
Benefícios inusitados também são praticados no mercado nacional. O Laboratório Sabin gratifica os funcionários com um salário mínimo a cada nascimento. “Com isso, construímos uma relação de bem-estar com nosso público interno, cuidando para manter as colaboradoras na empresa com satisfação”, resume Luiz lima, diretor de Remuneração e Recompensa da Natura.
Na empresa de cosméticos – que tem hoje em seu berçário na unidade de Cajamar, no interior de São Paulo, 183 crianças –, as grávidas também assistem a aulas que esclarecem dúvidas sobre o período de gestação, além de receberem atendimento psicológico domiciliar após o parto.
Aproximação
O Grupo Boticário oferece reembolso de educação infantil e visitas de enfermeiros aos filhos recém-nascidos dos funcionários. Lia Azevedo, diretora de Recursos Humanos do Boticário, afirma que, com essas iniciativas, a empresa alcançou índice de retenção de talentos de 98%. “Esses benefícios e programas estão focados na família do nosso colaborador. Então, há uma aproximação entre a família e a empresa. Acreditamos que isso contribui para que o colaborador trabalhe mais tranquilo, o que influencia positivamente a sua produtividade e seu engajamento”, conta Lia.
Licença-paternidade
Ao invés de usufruir de três dias de descanso, em geral o mesmo período que a mãe permanece na maternidade, os pais que trabalham no Google podem passar quatro semanas em casa. Mas não é só isso. Além da licença-paternidade, a gigante de tecnologia também reembolsa os gastos dos funcionários com serviços domiciliares, como faxina, lavandeira, jardinagem e até alimentação, durante os primeiros três meses de vida dos rebentos. Na IBM, a licença-paternidade vai de três meses a seis meses, para funcionários homossexuais que adotam crianças.
Fonte- Clipping Fenacon- 10/9/2014; http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?tl=1&id=1497690&tit=Empresas-ampliam-beneficios-para-reter-funcionarios-com-filhos–