Home > Economia 2018 > Bancos médios negociam criação de CDB com seguro

Bancos médios negociam criação de CDB com seguro

Bancos de médio porte negociam a criação de um Certificado de Depósito Bancário (CDB) com lastro em uma carteira de crédito, além de um seguro ao investidor em caso de problemas com a instituição. O objetivo é criar uma alternativa de captação de recursos com investidores institucionais, como fundos de pensão, a custos mais baixos, conforme apurou o Valor com duas fontes.

De um modo geral, a situação de funding dos bancos de menor porte melhorou com o aumento da venda de CDBs por meio de corretoras e plataformas de investimento.

Com a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até R$ 250 mil e taxas atrativas, os papéis de financeiras e instituições de médio porte atraíram investidores de varejo. Embora seja eficiente, a captação via corretoras costuma levar mais tempo para ser obtida do que com o público institucional.

O novo CDB viria para preencher essa lacuna, segundo um executivo que participa das conversas. “O instrumento poderia ser usado toda vez que um banco identificasse uma oportunidade no mercado e precisasse captar recursos rapidamente”, diz. A maior agilidade na captação também permitiria aos bancos menores operarem com menos caixa, que custa caro às instituições. Do lado das seguradoras de crédito, o novo produto também é visto com interesse, já que pode ser uma forma de diversificação de receitas.

A dupla garantia – da carteira de crédito e da seguradora – deve tornar o instrumento semelhante à Letra Imobiliária Garantida (LIG), criada como alternativa de funding para o financiamento da casa própria, segundo o diretor de um banco de médio porte. A diferença é que, em vez de ficar separada do patrimônio do banco, a carteira de crédito usada como lastro do novo CDB deve ser alvo de registro em uma instituição autorizada pelo Banco Central.

Em linhas gerais, o desenho da operação prevê que a seguradora honre o pagamento do CDB aos investidores se o banco emissor passar por problemas. Posteriormente, a empresa poderá recuperar o valor com a cobrança dos créditos usados como lastro do papel.

Como o principal risco da operação é da seguradora, e não do banco, a expectativa é que o custo de captação para a instituição financeira seja menor em relação a um CDB simples. Ao mesmo tempo, deve abrir mais espaço nas carteiras dos investidores institucionais. “Com a placa de uma seguradora de primeira linha, os fundos de pensão podem ter limites maiores para comprar papéis de bancos”, diz uma fonte que acompanha o assunto.

Vale lembrar, contudo, que não é a primeira vez que o mercado tenta criar um título bancário com garantia em crédito. Aliás, já existe hoje um instrumento com características semelhantes, o DPGE 2, que possui cobertura do fundo garantidor até R$ 20 milhões. Mas o uso da garantia do FGC atrelada a uma carteira de crédito nunca pegou. O saldo de DPGE no mercado era de apenas R$ 2,5 bilhões no fim de maio.

Para um executivo do setor bancário, a criação de um instrumento “de mercado” pode ajudar os bancos a reduzirem a dependência do funding com cobertura do FGC. O próprio fundo já tomou algumas medidas nesse sentido, ao limitar em R$ 1 milhão a garantia por investidor, mantendo o limite de até R$ 250 mil por instituição financeira. A partir de 2020, terá início uma outra restrição: os bancos que tiverem uma captação muito elevada de recursos com a garantia do FGC terão de pagar uma contribuição adicional ao fundo.

Fonte- Valor Econômico- 21/6/2018- http://www.seteco.com.br/bancos-medios-negociam-criacao-de-cdb-com-seguro-valor-economico/

You may also like
Taxa básica dos juros caminha para maior período em baixa histórica
Bancos querem reduzir limite que clientes podem sacar em dinheiro
Ministro do Planejamento afirma que redução nas desonerações é um caminho necessário
Guardia nega ter recomendado aumento da carga tributária