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Retomada lenta freia até contratação de estagiário

A lenta recuperação da economia também tem afetado quem está entrando no mercado de trabalho. No primeiro semestre, foram contratados 179,1 mil estagiários e aprendizes no país, um crescimento de 4,5% ante o mesmo período do ano anterior, um ritmo bem abaixo da expansão de 13% ocorrida em igual período de 2017 sobre 2016, segundo levantamento do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE).

Das vagas preenchidas este ano, 141,8 mil são para estagiários, que fazem curso superior. Aprendizes, que são estudantes de ensino médio ou técnico, ficaram com as 37,3 mil restantes.

No primeiro semestre do ano passado, quando as contratações cresceram quase 20 mil vagas na comparação anual, de 151,6 mil para 171,3 mil, as companhias esperavam uma melhora mais expressiva e rápida da economia. “O que aconteceu é que as empresas optaram por escolher mão de obra menos qualificada enquanto a retomada não se materializava. Como o cenário não se confirmou, muitos dos postos abertos foram deixados de lado”, afirma Luiz Gustavo Coppola, superintendente Nacional de Atendimento do CIEE.

Os processos seletivos também estão mais rigorosos, dando contribuição extra para o ritmo mais fraco de contratações. “As companhias estão mais criteriosas porque, relativamente, o investimento é mais alto para contratar no atual cenário”, diz Coppola. De acordo com o CIEE, o tempo médio de preenchimento de uma vaga passou de 10 a 12 dias para 15 dias entre 2017 e 2018. “O que chama a atenção na crise de agora é o prolongamento dessa situação, não lembro de acompanhar uma sequência de anos tão difíceis”, diz Coppola, há 33 anos no CIEE.

Por outra ótica também é possível enxergar a absorção mais lenta de candidatos. No primeiro semestre do ano passado, praticamente todas as novas vagas ofertadas foram preenchidas. Agora, das 188,5 mil oportunidades disponibilizadas, quase 10 mil permaneceram em aberto, um sinal de que as empresas estão pisando no freio com as incertezas na economia e na política.

Neste cenário, as companhias buscam estagiários com formação mais ampla para suprir funções antes desempenhadas por profissionais mais experientes. “O pedido das empresas tem sido cada vez mais para encontrar um estagiário sênior, quase que substituindo um analista”, diz Milie Haji, gerente de projetos de recrutamento e seleção na Cia de Talentos. Segundo ela, essa é uma tendência observada há dois ou três anos, mas que se intensificou agora. “O custo de manter esse estagiário não é tão barato como se imagina, exige acompanhamento e avaliações. As grandes empresas já não contratam estagiários apenas para tirar xerox”.

Para Bruno Villela de Andrade, professor de Gestão de Pessoas e de Liderança da Saint Paul Escola de Negócios, a crise no Brasil é um elemento adicional que deixou mais claro que as empresas têm pouca margem de erro, o que reforça a necessidade de fazer “mais com menos”. “A companhia que antes tinha um programa de estágio com 30 pessoas, agora utiliza 20 e espera o mesmo resultado”, exemplifica.

No início do ano, o CIEE projetava abertura de 600 mil vagas para estagiários e aprendizes, mas agora está trabalhando com a perspectiva de um número bem próximo ao do ano passado, quando as contratações de estagiários e aprendizes somaram 318 mil. Vale a ressalva que, segundo o CIEE, boa parte das vagas de estágio está relacionada à reposição de candidatos cujos contratos acabaram, seja por efetivação ou não renovação. Em alguns períodos, como início do ano e segundo semestre, o movimento costuma ser mais intenso.

Uma pesquisa do portal Quero Bolsa, plataforma que conecta alunos em busca de bolsa de estudo e universidades interessadas em preencher suas vagas, traça diagnóstico semelhante para o mercado de trabalho dos iniciantes. Realizado entre março e maio deste ano, com 11,6 mil estudantes do ensino superior, o levantamento mostrou que 50,5% deles afirmaram estar trabalhando. Em 2017, o percentual encontrado foi 10 pontos percentuais maior, em 60,4%.

FONTE: Valor Econômico- 24/7/2018- http://fsindical.org.br/imprensa/retomada-lenta-freia-ate-contratacao-de-estagiario

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