A coordenadora de relações corporativas da Ypióca – fábrica de aguardente de cana -, Darline Oliveira, 33 anos, entrou na empresa, em Fortaleza (CE), em 2007 como analista júnior e foi avançando nas funções.
Para essa carreira, além de seu esforço próprio, foi vital a existência de valores de igualdade de gênero, integrados aos demais ideais da companhia, por meio da prática de políticas de recursos humanos voltadas à distribuição equilibrada de cargos entre homens e mulheres.
Esse tratamento é ainda uma exceção em algumas empresas, que vão na direção contrária da cultura predominante no meio corporativo.
João Senise, diretor de RH da gigante britânia Grupo Diageo – produtora das marcas Johnnie Walker, Smirnoff e da famosa cerveja Guinness e, no Brasil, da Ypióca – ressalta que um dos diferenciais da companhia é ter sido a primeira a assinar, em 2015, o compromisso com a ONU Mulheres. “O objetivo é ocupar 50% dos cargos administrativos com mulheres até 2025. Hoje, elas respondem a cerca de 40% dos cargos de liderança na Diageo.”
A companhia apoia o Conselho de Empoderamento da Mulher, responsável por debater, mapear e concretizar projetos relacionados à causa, e a Academia de Desenvolvimento (Acade), que oferece cursos gratuitos para formação e capacitação dos funcionários.
Segundo Nelcina Tropardi, diretora jurídica da Diageo e membro do Conselho de Empoderamento da Mulher, a empresa abraçou a inclusão de modo geral. “Somos abertos, temos um ambiente amigável e voltado à inclusão”, comenta. No entanto, ela defende a criação de leis para garantir amplitude e continuidade a esse processo ainda restrito a algumas empresas.
Para Darline Oliveira, mudanças culturais são o melhor caminho para combater o preconceito e reduzir dificuldades no avanço da mulher no espaço corporativo. “Uma nova cultura, aos poucos, sai da esfera executiva e vai para outras áreas, a ponto de engajar o time”, explica.
Remuneração única
Outra corporação que assumiu um compromisso com a Associação Movimento Mulher 360 para promover a igualdade nos cargos é a Whirlpool Latin America, dona das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid. A empresa tem uma política única de remuneração, sem distinção de gênero, e busca a proporção entre candidatos de ambos os sexos para cargos executivos. A diretora sênior de recursos humanos, Andréa Clemente, explica que a empresa também se preocupa em promover ações para equilibrar a carreira profissional da mulher com a vida pessoal, como, por exemplo, liberdade na formulação do horário de trabalho e escritórios de fácil acesso, onde se possa trabalhar sem gastar uma hora no trânsito.
Além disso, a empresa adota uma política única de remuneração sem distinção de gênero, e busca entrevistar, de forma proporcional, candidatos de ambos os sexos para cargos executivos.
Hoje, as mulheres representam uma parcela expressiva nos cargos de liderança da Whirlpool: 27% dos vice-presidentes, 23% dos gerentes-gerais e 32% dos gerentes. “Buscamos discutir o papel feminino no dia a dia das organizações, entender as reais necessidades e perspectivas das mulheres na empresa, engajar os colaboradores numa cultura inclusiva e adotar ações em prol da equidade de gênero”, ressalta Clemente.
As iniciativas de empoderamento feminino e igualdade de gênero são motivadas pela realidade no País: segundo pesquisa recente da International Business Report (IBR) – Women in Business, no Brasil só 11% dos cargos de CEO são ocupados por mulheres. No mundo, ainda segundo levantamento da Grant Thorton, cerca de 24% das posições sêniores são ocupadas por mulheres e 33% das empresas sequer possuem mulheres nesses cargos.
Fonte- DCI- 16/6/2016- http://www.seteco.com.br/empresas-adotam-politicas-para-promover-mulheres-dci/