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Quando funcionário paga também, risco é ter reajuste maior no futuro

Isso porque as empresas que cobram uma parcela fixa do plano de saúde são obrigadas a estender o benefício para aqueles empregados que foram demitidos sem justa causa ou que se aposentaram. Assim que deixam a empresa, esses ex-funcionários passam a pagar o valor cheio do convênio médico. Eles não geram um custo direto à empregadora, mas como continuam usando o convênio, seus gastos contribuem para a formação da taxa de sinistralidade – indicador usado para cálculo do reajuste anual do plano de saúde contratado pela companhia. Quanto mais elevada essa taxa, maior será o reajuste. O ideal é que esse indicador fique perto de 75% para que o reajuste não seja tão salgado.

Para dar uma ideia de quanto podem representar os gastos aparentemente invisíveis com essa modalidade de plano, a consultoria Mercer Marsh, especializada em benefícios, cruzou dados de cem empresas que atuam no país e tem cerca de 7 mil funcionários. O levantamento apontou um custo adicional de R$ 5 bilhões às companhias que cobram uma parcela fixa do convênio dos empregados.

A modalidade de plano de saúde em que a empresa divide o pagamento da mensalidade com o funcionário é bastante comum. Uma outra pesquisa feita pela Mercer Marsh com 513 empresas revela que 51% delas ainda cobram um percentual do funcionário. Em média, as empregadoras arcam com 78% do custo do convênio e os empregados, com 22%. “O benefício é estendido independente do valor pago pelo colaborador”, diz Mariana Dias Lucon, consultora de gestão atuarial da Mercer Marsh.

Segundo Mariana, mesmo as empresas que já mudaram o modelo ainda precisam estender o benefício pelo tempo que o funcionário contribuiu. “Segundo as boas práticas de governança, empresas com receita maior que R$ 300 milhões ou ativos totais de R$ 240 milhões devem contabilizar no balanço esse custo adicional do plano”

Uma das alternativas para evitar que o ex-empregado continue impactando a sinistralidade do plano de saúde da companhia é criar uma carteira separada para esse grupo. “O reajuste dessa carteira voltada só para ex-colaboradores é muito maior, mas não gera um custo adicional à empresa e o preço do convênio é menor do que o praticado no mercado”, explica Paulo Hirai, consultor e atuarial.

Vale pontuar que o pagamento fixo do plano de saúde é diferente do modelo de coparticipação, quando o empregado desembolsa uma porcentagem do valor de determinados procedimentos médicos. A coparticipação não dá direito ao funcionário continuar com o plano após sair da companhia.

FONTE: Valor Econômico- 19/10/2016-http://www.fsindical.org.br/imprensa/quando-funcionario-paga-tambem-risco-e-ter-reajuste-maior-no-futuro