O novo líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), afirma que a prioridade será aprovar a reforma da Previdência. Ele diz que vê como vantagem ser um deputado de primeiro mandato a ocupar a liderança do governo e defende uma nova relação entre os poderes Executivo e Legislativo, com negociações voltadas para o interesse público e não ao oferecimento de vantagens pessoais. “Não participei de nenhuma articulação no passado do modo como era feito no passado”, afirmou.
Major Vitor Hugo é advogado e consultor legislativo concursado da Câmara dos Deputados desde 2015, na área de defesa nacional e segurança pública, além de ser oficial superior das Forças Especiais e Estado-Maior do Exército Brasileiro, na reserva não remunerada.
Confira a entrevista com o líder do governo para a Agência Câmara.
Quais as prioridades do governo para a Câmara dos Deputados?
Eu vou trabalhar com uma base aliada, que a gente acredita que seja de 10 ou 12 partidos, e mais alguns partidos que vão trabalhar com apoio condicionado. Além de uma oposição com 8 partidos. Como líder do governo, nossa prioridade é trabalhar pela aprovação dos projetos do governo na Câmara.
O orçamento continua com déficit elevado. O Congresso já aprovou o teto de gastos, e o governo eleito planeja uma agenda de privatizações. Como equilibrar o orçamento e dar condições para que o País volte a crescer?
O trabalho está sendo feito pelo Ministério da Economia. Vale ressaltar que o papel de líder do governo é diferente do papel de porta-voz do governo, de maneira que outras medidas econômicas vão ser apresentada pelo Ministério da Economia, e mesmo acompanhando as reuniões ministeriais é importante que o ministério centralize essas informações, para que não haja nenhum tipo de ruído.
E em relação à reforma da Previdência e à reforma tributária?
Em relação à reforma da Previdência, existem várias formas de se fazer. Há um projeto do governo anterior que pode ser alterado por emendas no Plenário, o governo pode mandar alguma proposta nova. Isso está sendo estudado e vai ser definido. É prematuro que eu transmita qualquer informação a esse respeito. Já em relação à reforma tributária, sem sombra de dúvida, é importante, mas o governo entende que a reforma tributária vem na sequência da reforma da Previdência. A primeira reforma é a da Previdência, mas a tributária está no radar. Temos uma legislação complexa e redundante, tem um custo muito grande, as obrigações acessórias são altas, os empresários gastam tempo e dinheiro, o cidadão também. Então, até mesmo para melhorar o ambiente de negócio, é importante que haja uma simplificação tributária. Isso está no radar, mas vai ser apresentado no momento oportuno.
O senhor teme ser criticado por ser líder e ser um deputado de primeiro mandato?
É um novo momento da política brasileira, que está sendo construído em função da atuação do presidente, que montou o ministério de forma técnica, sem o toma lá, dá cá. Nós temos uma série de problemas, e a gente precisa virar a página. Esse desafio da construção de uma nova relação entre o Legislativo e o Executivo não é algo que vai ser do presidente Bolsonaro e muito menos do líder do governo. É algo que o País deseja, é um grande desafio, e a oportunidade está nas nossas mãos de fazer uma nova política, de que as articulações sejam voltadas para o interesse público e não ao oferecimento de vantagens pessoais. Nesse contexto geral, se quer criar uma nova relação. Ser um deputado de primeiro mandato é uma vantagem, não participei de nenhuma articulação no passado no modo que era feito no passado. Tenho condição de construir com os novos parlamentares uma nova maneira de fazer política. As críticas vão acontecer, mas nenhum líder seria uma unanimidade.
E a relação com a oposição?
A oposição no regime democrático é bem-vinda, as críticas ajudam que um texto seja melhor e a oposição vai fazer o seu trabalho. A legitimidade do governo vem do maior número de votos que a população deu, tivemos 57 milhões do presidente da República, temos a segunda maior bancada da Câmara e podemos ser a maior. Queremos que a oposição faça seu papel e que não seja uma oposição que ache que tudo o que o governo encaminhe seja ruim, porque não é verdade. Então pode ter alguma divergência para que eles discutam com a intenção de melhorar as propostas.
Fonte: Agência Câmara de Notícias; Clipping da Febrac- 25/1/2019.