A cobrança se dá porque esse tipo de exame, chamado de Antígeno NS1, não está coberto pelo rol de procedimentos da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
A principal vantagem desse exame é confirmar a dengue em sua fase inicial, já no primeiro dia. O outro método, a sorologia para pesquisa de anticorpos (IgG e IgM), detecta a doença principalmente a partir do sexto dia.
Esse modelo mais demorado é recomendado pelo Ministério da Saúde e adotado em toda a rede pública e parte das instituições particulares.
Para pacientes com suspeita de dengue (febre alta mais sintomas como dor atrás dos olhos e nas articulações) que se submetem a ele, a orientação é de que sejam tratados imediatamente –antes, portanto, do resultado do exame.
“Com situação de epidemia, qualquer paciente com manchas, febre alta e dor no corpo é dengue até prova em contrário”, disse Ricardo Sartim, superintendente médico do laboratório SalomãoZoppi, que não faz o teste rápido.
No laboratório, a quantidade de exames de sorologia aumentou 222% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado.
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VANTAGEM
“É pressuposto básico da medicina: quando se estabelece o diagnóstico rápido, fica mais adequada a condução do caso”, diz o infectologista Artur Timeman, do Hospital Edmundo Vasconcelos.
No hospital, 1.351 casos de dengue foram detectados por meio do exame rápido –mas, segundo ele, lá nenhum paciente teve que pagar. “O laboratório tem que peitar o convênio.” Ele sugere a pacientes que tiveram negados pedidos para o exame rápido que recorram à Justiça.
Analista de treinamento, Alexandro de Castro, 30, foi em março a um laboratório em Amparo (interior de São Paulo), onde mora, com suspeita de dengue. Lá, ouviu que teria que pagar R$ 50 pelo exame rápido da doença.
“Não paguei. Eu estava com todos os sintomas: dores, vermelhidão pelo corpo, febre alta. Acabei indo ao pronto-socorro, onde fui medicado. O que o meu plano cobria levaria seis, sete dias para fazer”, disse. O diagnóstico confirmou a doença.
VALORES
O valor do exame rápido é variável. No Hospital Sírio-Libanês, sai por R$ 284,77; no Albert Einstein, por R$ 94,92 e no Fleury, por R$ 143.
A FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), que representa as operadoras de planos de saúde, limitou-se a dizer que o teste rápido não é coberto e que a sorologia é o procedimento incluído e feito pela maioria dos laboratórios.
A mesma posição deram a Yasuda Marítima e a Unimed Paulistana, duas das operadoras que a Folha consultou. A Bradesco Seguros informou que cobre o exame rápido.
As operadoras de plano de saúde estão liberadas para cobrar pelo exame rápido, mas devem informar o paciente antes, segundo a ANS.
O rol de procedimentos obrigatórios para cobertura mínima é revisado a cada dois anos, diz a agência, e a inclusão de um novo exame depende de itens como articulação com políticas de saúde.
6/5/2015