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Especialistas alertam para o perigo de pagar multas com cartão de crédito

Especialistas alertam para os altos juros e recomendam buscar alternativas de crédito. Simulação revela que dívida de R$ 2,7 mil, em 12 vezes, ficaria R$ 1 mil mais cara

Parcelar as multas de trânsito é uma alternativa para o condutor que não dispõe de dinheiro suficiente para saldar os débitos e não pode dispensar o uso do carro para cumprir as obrigações diárias. Porém, o motorista precisa ficar atento, porque os juros praticados não são nada amigáveis, e os especialistas recomendam checar outras possibilidades antes de optar pelo parcelamento. Em simulações feitas pelo Correio, no site Zapay, as taxas alcançaram 5% ao mês. Uma dívida de R$ 2.737,99, quando parcelada em 12 vezes, subiu para R$ 3.771,87, mais de R$ 1 mil do valor original.

O parcelamento de multas e débitos de veículos foi permitido este ano. Após a Resolução nº 697 de 10 de outubro de 2017 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) credenciou empresas para realizarem o pagamento por meio de cartões de débito e de crédito.

O educador e terapeuta financeiro Jônatas Bueno acredita que as taxas disponíveis são altas porque as companhias foram convidadas a participar do credenciamento.

“Praticar juros mais altos desperta o interesse das empresas”, analisa. Outro motivo, avalia, é tirar do governo a responsabilidade sobre as questões financeiras. “Não é intuito do Detran tratar disso”, acrescenta. Bueno explica que multas e débitos precisam ser pagos. Porém, antes de parcelar, quem tem débitos pendentes deve checar alternativas mais baratas, como crédito pessoal ou consignado. Segundo ele, quando o parcelamento é a única opção, o condutor tem de verificar se o valor mensal caberá no orçamento.

Cortar pela raiz

Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, do canal Dinheiro à Vista, a possibilidade do parcelamento é positiva. “É uma medida que ajuda. Leva as pessoas a uma reabilitação do crédito”, justifica. Contudo, ressalta que não há muito o que fazer sobre os altos juros praticados. O ideal, conforme Domingos, é cortar o problema na raiz e evitar cometer infrações de trânsito. “A grande orientação é que as pessoas parem de ser multadas”, defende. Para quem já está enrolado com as multas, o especialista também recomenda procurar uma linha de crédito mais barata.

Outra alternativa, orienta o educador financeiro, é buscar apoio na família ou com amigos. São empréstimos mais brandos que ajudam a quitar as multas de uma vez.

“Buscar uma liquidação à vista é o melhor dos remédios, mesmo que seja necessário pedir dinheiro emprestado para algum parente próximo ou amigo”, destaca. Por fim, Domingos afirma que, se for inevitável, o parcelamento precisa ser planejado. “É necessário honrar as prestações. Para isso, é sempre bom fazer uma perspectiva do orçamento mensal considerando o novo compromisso. É a única forma de lidar com um parcelamento sem aumentar as dívidas”, ensina.

O professor de finanças do Insper Ricardo Rocha reforça as recomendações. “O ideal é fazer uma pesquisa sobre as melhores taxas”, recomenda. Caso haja reservas financeiras de emergência, essa também pode ser uma opção. “Às vezes, as pessoas têm medo de gastar o dinheiro guardado. Mas vale a pena usar o recurso de uma poupança e pagar à vista”, acrescenta. Caso o devedor assuma o parcelamento, Rocha alerta que a inadimplência é alta nesses casos, o que justifica os altos juros.

O diretor de controle de condutores de veículo do Detran-DF, Uelson Sousa Prazeres, explica que uma saída para baratear o custo é a concorrência, diz Prazeres. “A porta para o credenciamento ainda está aberta. Quanto mais empresas aderirem, maior a competição e, consequentemente, menores taxas”, estima. Outra medida que deve estimular a adesão é a possibilidade de cadastramento dessas empresas em âmbito nacional. “O Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) deve soltar outra resolução que vai autorizar isso”, informa.

Única saída

Prazeres destaca que um dos objetivos do parcelamento é possibilitar que as pessoas que precisam do carro diariamente para trabalhar possam usar os veículos. “Muitos motoristas dependem do veículo e não tinham como pagar os débitos”, argumenta. Tanto que, segundo ele, muitos usuários optaram por pagar as multas em parcelas.

É o caso da comerciante e estudante de farmácia Vanessa Machado, 26 anos. Ela explica que, com o seu orçamento atual, não consegue quitar as multas. “É minha única saída”, lamenta. Quando questionada a respeito dos juros, Vanessa, que têm débitos de R$ 1,5 mil por dirigir usando o celular e por excesso de velocidade, diz não ter conferido o valor final.

Já o técnico de audiovisual Luiz Pablo Bezerra, 23, seguiu os conselhos dos educadores financeiros e pesquisou na internet a melhor forma de quitar o débito de R$ 2.729,61. Descobriu que a melhor opção era pagar à vista e decidiu esperar por recursos de um consórcio da sua empresa. “Vou usar esse dinheiro para quitar minhas multas. Se faltar, farei um empréstimo fora”, conta.

15/7/2018

Fonte- https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2018/07/15/internas_economia,695050/especialistas-pagar-multa-com-cartao-de-credito-pode-ser-perigoso.shtml

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