As mudanças introduzidas pelo eSocial já movimentam os fornecedores de software, que estão precisando adequar seus ERPs e sistemas de RH e desenvolver outros produtos para fazer a gestão do novo Sped. Num primeiro momento, não há novos negócios, uma vez que o Sped é uma obrigação legal que os fornecedores devem introduzir nos seus sistemas, sem custo para os clientes com contratos de manutenção. Mas a sua implementação está gerando demanda por serviços e muitos fornecedores estão desenvolvendo módulos adicionais, sobretudo para a parte de mensageria, a fim de viabilizar a troca de informações com o governo.
Todos os produtos são ainda versões preliminares em teste nos clientes. Isso porque o governo não entregou a versão definitiva do layout e as especificações do WebService que vai viabilizar a transmissão das informações, o que está deixando o setor preocupado. Segundo Roberto Plá, gerente do programa de unificação de crédito do Serpro, a última versão do layout foi disponibilizada em dezembro, mas ainda não é a definitiva porque todos os órgãos envolvidos – Receita Federal, Ministério do Trabalho, INSS, e Caixa Econômica Federal – ainda estão elaborando as regras de negócio.
“O que vai orientar os fornecedores de software e as áreas de TI das empresas é o manual de XML que trará todas as especificações de arquivos que precisam ser enviados. Em fevereiro começa o processo de homologação dos eventos iniciais num ambiente de testes do Serpro”, sinaliza Roberto Plá. Mais de 40 empresas participam do projeto piloto do eSocial, entre as quais estão Banco do Brasil, Odebrecht, Petrobras, Grupo Ultra, SAP, Totvs, ADP e LG.
Ângela Rachid, gerente de produto da ADP, especializada em outsourcing de RH, explica que empresas com poucos funcionários podem informar os dados diretamente na tela do eSocial um a um. Mas, para as grandes empresas com extensas folhas de funcionários, será necessária a transmissão de arquivos, por isso os sistemas são necessários. A ADP não vende seu software, mas opera a folha de pagamento de clientes a partir de suas instalações.
“Com o eSocial, será tudo automatizado e de forma transparente para o cliente, inclusive com um workflow para apontar prazos fora do período e inconsistências no input dos dados. Vamos transmitir cerca de 5 milhões de registros de 6,2 mil clientes”, assegura Ângela.
Os fornecedores de ERP também já estão promovendo as mudanças em seus sistemas. Marcelo Souccar, diretor do segmento de serviços e jurídico da Totvs, informa que a empresa tem quatro clientes participando do processo de validação das mudanças trazidas pelo eSocial: Tegma Logística, CHG Automotiva, Disal e Usina Alto Alegre (UAA). “O eSocial não vai interferir só na folha de pagamentos, trata-se da junção de um sem número de obrigações fiscais num único arquivo para que todos os órgãos tenham a mesma informação. Exige alteração em diferentes módulos dos nossos ERPs. Também estamos oferecendo um módulo específico: o Totvs Automação Fiscal, que poderá ser usado até por empresas que não usam nossos ERPs”, diz Souccar.
Kelly Ribeiro, consultora da SAP, informa que a empresa já entregou para os clientes para testes o módulo de RH com as alterações que foram desenvolvidas pelo centro de localização em São Leopoldo (RS). A empresa avalia desenvolver um produto de eSocial para clientes que não utilizam o SAP. “Ainda não temos o road map, mas o desenvolvimento será rápido.”
A LG, especializada em sistemas de RH, participa do piloto do Sped Social desde 2009 e está promovendo as alterações na sua suíte de RH e se preparando para entregar para os clientes o módulo de eSocial que lê as informações na suíte. “O módulo eSocial é um centralizador responsável pela comunicação com a Receita”, explica Sáttila Silva, gerente de planejamento da LG.
A empresa lançou duas soluções: o Atualização eSocial e o serviço Diagnóstico eSocial. O primeiro permite que os usuários atualizem e insiram os dados cadastrais solicitados pelo governo federal. Já o Diagnóstico eSocial apoiará no levantamento das informações necessárias para os cadastros de funcionários da empresa e dos dados provenientes de outros sistemas que são demandados pelo eSocial.
Segundo Ricardo Funari, diretor presidente da Synchro, o maior desafio é a complexidade de regras trabalhistas. “São 25 regras fiscais contra mais de 3 mil normas trabalhistas.”
Fonte- Valor Econômico – 31/01/2014; https://www1.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/