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eSocial: Relação com trabalhador deve mudar

Num futuro não muito distante, as empresas devem se preparar para uma fiscalização muito mais eficiente que resultará em mudanças importantes na relação com os trabalhadores e seus representantes. O fim desse processo talvez leve a uma revisão política do tema no Congresso Nacional.

Esse é um resumo da visão de dois conhecedores do tema eSocial: o executivo Paulo Sardinha, responsável pela área de recursos humanos da multinacional Turbomeca Safran e dirigente da seção Rio de Janeiro da Associação Brasileira dos Profissionais de Recursos Humanos (ABRH); e advogada Valéria Zotelli, do escritório Miguel Neto Advogados.

Após alguns meses preparando o banco de dados e testando as informações, a Turbomeca, empresa do grupo de origem francesa Safran, está concluindo a transmissão da base de dados de todas as áreas da companhia para o eSocial. Instalada no Brasil desde 1977 no município de Xerém, na Baixada Fluminense (RJ), a Turbomeca produz e faz revisão de mais de 1.500 motores e quase 2000 FCU’s (Unidades Controladoras de Combustíveis) de helicópteros, dá suporte e treinamento tanto no Brasil como em países vizinhos.

As informações sociais de seus 240 empregados já estavam consolidadas e alinhadas com a base de dados fiscal e tributária, garante Sardinha. “Estamos validando a base e finalizando a transmissão.”
Falando pela ABRH-RJ, entidade que reúne mais de dois mil profissionais alocados nas áreas de RH em 650 empresas do Estado, Sardinha avalia que a situação da empresa em que trabalha é muito parecida com a da maior parte das grandes empresas. A maioria, diz, já estava preparada para a mudança instituída com o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) Social que prevê a integração da folha de pagamentos e todas as obrigações trabalhistas ao sistema informatizado.

“Esse processo (de integração de informações), que está chegando agora ao RH, já existia para as áreas contábil e tributária”, diz o executivo.

Em uma reflexão sobre os novos riscos criados pela integração de informações para as empresas, Sardinha lembra que o governo deu um ano para o processo de adaptação e, neste primeiro momento, não estabeleceu penalidades. Ele acredita que, quando estiverem definidas, as penalidades serão de multas administrativas a autos de infração até fechamento de estação de trabalho.

O fundamental nesta primeira etapa, aconselha, é a preparação dos bancos de dados e o teste das informações. Ele lembra que a transparência das informações requerida pelo novo sistema pode criar obstáculos importantes a acordos entre as empresas e seus empregados que até agora eram praxe.

Por exemplo, a divisão do tempo de gozo das férias em duas ou três partes e o adiantamento dos bônus anuais. “A lei não permite (dividir férias e adiantar bônus), então no futuro talvez tenhamos que pensar em uma flexibilização da legislação trabalhista”, disse o dirigente da ABRH-RJ.

O diagnóstico da advogada Valéria Zotelli é parecido. Segundo ela, as grandes empresas já estavam preparadas e as pequenas e médias vão acabar se adaptando para cumprir as novas regras, mesmo que leve algum tempo. Para Valéria, o novo sistema poderá significar uma profunda mudança cultural no país, ressalvando o fato de que isso se aplica às empresas que agem corretamente. “Quem opera na informalidade vai continuar, mas quem está na formalidade não vai querer sair.”

A advogada alerta que os novos riscos estão relacionados a multas por sonegação ou divergências de informações que ainda não estão definidas pelo governo, além de denúncias de empregados que agora vão ter mais acesso às suas informações pessoais, o que pode prejudicar a empresa no âmbito da Justiça Trabalhista.

Fonte: Valor Econômico- 31/01/2014; http://www.apemec.com.br/view_news.php?id=2174

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