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Empresas podem gastar até mais com formação profissional sem Sistema S

Uma redução dos repasses federais para esses institutos, como Senai e Senac, por exemplo, não deve garantir diminuição dos custos que os donos de negócios têm atualmente com mão de obra

As empresas podem ter que gastar mais com a qualificação dos funcionários, caso o Sistema S seja enfraquecido com uma eventual redução dos repasses do governo federal.

A expectativa é de que ocorra um corte de 30% a 50% nas transferências de recursos, conforme já mencionado pelo secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, pelo Carlos Alexandre da Costa.

Assim como ocorre no financiamento da Previdência Social, parte dos recursos do Sistema S tem origem em uma contribuição compulsória sobre a folha de pagamento das empresas brasileiras, que varia de 0,2% a 2,5%.

O diretor-presidente da Faculdade Fipecafi, Welington Rocha, especialista neste tema, diz, porém, que um corte nos repasses não deve compensar e nem garantir, necessariamente, uma diminuição nos custos dos negócios.

Além disso, ele ressalta que o corte pode reduzir a qualidade da mão de obra, implicando em maiores custos para as empresas. “Há muitos estudos – e eu, inclusive pesquiso esse assunto – que mostram que, quando você desonera a folha de pagamentos não há, necessariamente, uma diminuição no custo da mão de obra. O que acontece é que, a médio e longo prazo, essa redução vai sendo revertida pelos aumentos salariais que os trabalhadores vão conquistando”, comenta o especialista da Fipecafi.

Por meio de reivindicações sindicais, negociações coletivas, correção inflacionária dos rendimentos, por exemplo, os salários vão avançando. Portanto, o montante que o empresário economizou em um primeiro momento, vira custo novamente a longo prazo.

“Ele deixa de ter um custo com o Sistema S, mas terá um custo maior com a mão de obra lá na frente”, diz. Rocha destaca que, hoje, as instituições do Sistema S, como o Senai e o Senac, cumprem um papel importante na formação de obra qualificada para a indústria e para o comércio. Para Rocha, uma redução da oferta de cursos por esses institutos pode fazer com que as empresas passem a ter que cumprir o papel de oferecer formação para requalificar os seus trabalhadores, o que também é um custo. “O problema é que a maioria dos negócios brasileiros não tem expertise para isso”, comenta Rocha.

“Agora, a empresa pode decidir não treinar seus funcionários, o que significa que teremos trabalhadores menos qualificados e que cometem mais erros, o que diminui competitividade”, diz Rocha.

Já o sócio da Méthode Consultoria, Adriano Gomes, defende uma redução do repasse para o Sistema S. Para ele, isso será importante para diminuir o gasto com a folha de salário. Gomes critica a ausência de gratuidade na maioria dos cursos oferecidos pelos institutos.

Na avaliação dele, o ideal seria realocar esses recursos arrecadados para um fundo de formação do trabalhador, que ofertasse bolsa de estudos para as pessoas que desejam se atualizar profissionalmente.

Histórico de 77 anos

O Sistema S começou a ser estruturado em 1942 com o objetivo de criar uma rede de ensino capaz de melhorar a qualidade da mão de obra, além de oferecer lazer e cultura para os trabalhadores. Fazem parte do sistema o Sesi e Senai (ligados à indústria), Sesc e Senac (ligados ao comércio), Sebrae (micro e pequena empresa), Senar (do setor do agronegócio), Sescoop (cooperativas), Sest e Senat (ligados aos transportes).

Fonte: DCI; Clipping da Febrac- 4/2/2019.