O Brasil está entre os países mais vulneráveis quanto à segurança da informação. A conclusão é de pesquisa encomendada pela IBM, que colocou o País no topo de uma lista de 12 nações quanto à chance de sofrerem algum tipo de violação de dados. De acordo com o estudo, o prejuízo para as empresas no Brasil passou de R$ 3,96 milhões para R$ 4,31 milhões de um ano para cá. Mesmo que de pouca monta, o líder de serviços de segurança da IBM Brasil, André Pinheiro, afirma que as invasões cibernéticas envolvem outras questões mais difíceis de mensurar, como a própria imagem.
Mesmo que não envolvam diretamente valores financeiros, podem levar a empresa até a falência, argumenta Pinheiro. “Quando a empresa tem algum cliente prejudicado, gera publicidade negativa de que dados foram roubados, há toda uma questão de reputação no mercado bastante complicada”, afirma o executivo.
Pinheiro ainda lembra que é a terceiro ano que a pesquisa global é feita também no Brasil, e não há sinais de melhora. Entre o ano passado e agora, por exemplo, o número de ataques saltou de 3,9 mil para 85,4 mil. “Em todas as métricas, só pioramos e não parece haver nenhuma luz no fim do túnel, nenhuma perspectiva de que essa curva vai melhorar”, projeta o executivo, que justifica a situação com a imaturidade das empresas e até mesmo dos usuários de redes digitais no País.
No caso das companhias, os setores de segurança de informação ainda seriam relegados a um papel secundário, sem autonomia e, em alguns casos, até mesmo sem orçamento. Por outro lado, ainda há muitos usuários recentes de smartphones, por exemplo, que não têm experiência digital e, por isso, acabam se expondo mais do que deveriam. Isso acaba sendo um problema, porque, muitas vezes, as pessoas utilizam o seu aparelho para acessar sistemas de suas empresas, que acabam indiretamente expostas.
Há, também, efeitos da recessão econômica, uma vez que muitas companhias, ao cortarem investimentos, reduziram também os recursos para a segurança digital. “Teremos consequências no médio prazo, pois as empresas estão baixando a guarda. Segurança é uma jornada sem fim, constante, não é algo que se invista uma vez e acabou”, continua o executivo da IBM. Pinheiro lembra que o assunto já não é mais exclusivo às grandes empresas. Até mesmo os criminosos já teriam se dado conta de que é mais fácil roubar dados como cartões de crédito de clientes, por exemplo, de companhias menores, geralmente mais expostas.
A solução indicada às companhias é investir em inteligência digital, tentando, obviamente, se prevenir na medida do possível. Segundo a pesquisa, 40% dos incidentes envolveram ataques criminosos, mas 30% aconteceram por negligência na segurança e outros 30% por erros humanos. “São vários fatores que influenciam, e não dá para escolher atacar só um eixo. É preciso ter uma visão sistêmica de segurança”, sustenta Pinheiro. Há casos, lembra o executivo, de empresas que até investem, mas acabam o fazendo com ferramentas não adequadas, ou até mesmo protegendo dados com menos valor do que outros que seguem expostos.
Entre os dados mais desejados pelos criminosos, segundo a pesquisa, ainda estão os de serviços financeiros e os dados médicos, utilizados para fraudes e chantagens. A realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro neste ano também é apontada como justificativa para o risco por colocar as empresas brasileiras em evidência no mercado internacional.
Fonte- Jornal do Comércio – RS- 28/6/2016- http://www.seteco.com.br/empresas-do-pais-sao-mais-expostas-ao-roubo-de-dados-jornal-do-comercio-rs/