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Caixa lança medidas de incentivo para tentar aquecer mercado imobiliário

Na tentativa de aquecer o mercado imobiliário, a Caixa Econômica Federal anunciou novas medidas relativas ao financiamento de imóveis. O impacto no setor, no entanto, será pontual e trará novos patamares de inadimplência, afirmam especialistas.

Segundo Miriam Belchior, presidente da Caixa, a nova cota de financiamento do imóvel, que teve teto aumentado de 50% para até 70% no setor privado e de 60% para até 80% no setor público, “é um dos fatores que mais impactam na demanda do crédito imobiliário”.

“Quanto maior for essa cota, mais interessados buscarão o crédito. Além disso, essa medida induz o mercado de novos imóveis porque, em geral, especialmente na faixa de classe média e alta, a compra do novo implica na venda do imóvel que o cidadão já tinha”, afirma Belchior.

Além dessa medida, a Caixa ainda anunciou o aumento de recursos para o crédito, com R$ 16,1 bilhões para a entidade, dos R$ 22,5 bilhões aprovados para liberação pelo conselho curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); e a reabertura do financiamento para o segundo imóvel, suspenso desde maio de 2015.

De acordo com o vice-presidente de habitação da entidade financeira, Nelson Antônio de Souza, o principal motivo das mudanças anunciadas foi a necessidade da entidade financeira em buscar nova estrutura de funding ante a captação líquida negativa no ano passado.

“Para 2016, nós tivemos que estruturar funding de maneira diferente, lembrando que perdemos R$ 13 bilhões do depósito de poupança e chegamos praticamente ao limite de LCI [Letra de Crédito Imobiliário], juntamente com o SBPE [Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo]”, ressalta.

O aumento de despesas com captação e de medidas contra o calote também impulsionaram a Caixa para um prejuízo recorrente de R$ 303 milhões no quarto trimestre de 2015.

Souza, no entanto, afirma que as mudanças vieram em “bom momento” e há “espaço para crescimento” no setor.

“Tem possibilidade de um crescimento profundo na área de habitação. Essas medidas vem em momento muito importante pro setor e tem como objetivo reaquecer a demanda e retomar o crescimento do volume de financiamentos”, diz.

Para Luiz Barros, CEO da Kitar Imóveis, no entanto, as medidas resolvem apenas “problemas específicos”.

“Até então a Caixa estava muito restritiva, para não dizer absolutamente fechada. Mas essas medidas são pontuais, para resolver problemas de pressão política, onde o governo vai despejar dinheiro no mercado e ir contra o que o Banco Central estava fazendo até então, que era enxugar o dinheiro do mercado para conter a inflação. Começar a fazer mais financiamentos de imóveis é temerário, ainda mais porque com eles usando dinheiro do FGTS para emprestar, não sabemos o risco em cima do órgão público”, alerta.

Os professores de economia da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Roberto Luiz Troster, e de finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), Nelson de Souza, ainda ressaltam a potencial questão da inadimplência e o risco de maior restrição ao crédito.

“Ainda tem que ficar um pouco mais claro que é um esforço que vai atender alguns mas não vai resolver. A maior abrangência do financiamento traz nova perspectiva de restrição, isso não muda nada, pelo contrário, a maior demanda pode deixar os agentes financeiros ainda mais seletivos na hora de dar o crédito”, analisa Souza, do Ibmec. No cenário de maior demanda, sem concorrência, até a própria Caixa pode ficar mais restritiva.

“Tem muitas outras coisas que o governo poderia fazer, por exemplo, se ele liberasse o IOF [Imposto sobre Operações de Crédito], geraria mais impacto e menos risco de credito”, exemplifica Troster.

Ao final de ano passado, o índice de inadimplência acima de 90 dias teve alta de 1 ponto percentual em relação a 2014, indo para 3,55%.

Balanço

No balanço anual, a Caixa obteve lucro líquido de R$ 7,2 bilhões, alta de 0,9% em relação a 2014 (R$ 7,1 bilhões). Segundo o vice-presidente de finanças do banco, Márcio Percival, “o cenário desafiador” influenciou o resultado.

“A situação que nós estamos enfrentando é o custo de captação, as despesas de captação. Se nós olharmos, ela cresceu 42% na Caixa, por dois motivos. O primeiro é que a taxa de juros subiu em média 23% de 2014 pra 2015, e o segundo motivo é que mudou muito a composição do funding da Caixa. O impacto da queda pra gente foi melhor do que o mercado, mas de certa maneira nos colocou em um novo dilema”, disse. Isabela Bolzani

Fonte- DCI- 9/3/2016- http://www.seteco.com.br/midia/list.asp?id=14431

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