A Federação Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços de Limpeza e Conservação (Febrac) promoveu o maior evento do setor de limpeza do País, o Encontro Nacional das Empresas de Asseio e Conservação (ENEAC), no Iberostar Praia do Forte, Bahia, entre os dias 21 e 25 setembro.
No terceiro dia do evento, os participantes acompanharam as palestras conduzidas pelo italiano Toni D Andrea e pelo professor e consultor em gestão empresarial Waldez Luiz Ludwig.
Toni D Andrea, diretor executivo da Afidamp Servizi e, atualmente, também diretor do FORUM Pulire, Congresso Nacional da Indústria de Limpeza, na Itália, trouxe à tona uma visão diferente do conceito de limpeza, na palestra “Limpeza absoluta”.
“O conceito de limpeza é limpo. Isso é o que está no nosso imaginário coletivo. Limpeza e limpo expressam processo e resultado. São palavras que representam também uma oportunidade para refletir sobre a condição social dos homens, uma leitura dos valores morais que culminam no sentido original da humanidade, que são liberdade, igualdade, solidariedade e felicidade”, explicou.
Como exemplo de limpeza ética, o palestrante citou a Lava Jato no Brasil e lembrou que os brasileiros estão vivendo uma fase de limpeza absoluta na política. “Acho que o Brasil está mudando positivamente. Eu tenho uma visão otimista”.
Toni D Andrea conceituou a palavra limpo como representante daquele que é desprovido de sujeira. “Falamos de negócio limpo, homem político limpa, lugar limpo. É uma expressão social muito usada, que significa um comportamento positivo”.
Esta nova abordagem do sentido de limpeza está inserida na atividade industrial. Segundo o especialista, o negócio de limpeza movimenta mais de 70 bilhões de euros e agrega mais de 140 mil empresas, que empregam milhões de pessoas na Europa. Mas, para o palestrante, falar de limpeza é uma oportunidade de rever uma cultura de comportamentos e de acontecimentos dos últimos anos.
“A limpeza é o valor fundamental da sociedade em todo o mundo. Não se trata apenas a limpeza, mas sim de ter novas atitudes. Eu queria que o sistema de educação ensinasse na escola que a limpeza é uma ideia de uma sociedade melhor”, disse.
INOVAÇÃO – A última palestra apresentada na 25ª edição ENEAC foi ministrada por Waldez Luiz Ludwig que abordou como as empresas devem competir no mercado, que muda a cada dia, com as constantes inovações das tecnologias de informação. De forma bem humorada, o professor falou para a plateia sobre inovação, criatividade e estratégias competitivas na palestra “Competitividade em tempos de grandes mudanças”.
Ludwig começou a sua palestra lembrando das revoluções pelas quais a humanidade já atravessou, desde o homem das cavernas até os dias atuais. “A inovação já começou nas cavernas, quando o ser humano inventou o domínio do fogo. Essa inovação é tão importante, que você não vive sem ela até hoje e acende fogueira todo dia quando acorda, no fogão”, brincou.
Em seguida, o professor continuou falando da segunda revolução, quando muito tempo depois o homem descobriu o arado. “A família foi criada para fazer agricultura. E aí surgiu o capataz, que, aliás, existe até hoje. A gente chama de gerente (risos)”, disse.
A terceira revolução foi a industrial, na qual, segundo o palestrante, começou a separação entre trabalho e vida. “Uma bobagem! A revolução industrial separou o trabalho da arte. De alguns anos para cá, trabalho é sacrifício, e arte, diversão. Mas a revolução industrial fez uma coisa pior: separou a humanidade em dois tipos, os que pensam e os que fazem, a chamada mão de obra, que ainda qualificamos para serem cachorros bem qualificados”, destacou.
O professor cita que no Brasil, entre 70 e 75 % das pessoas dizem que odeiam trabalhar. Isso porque, segundo ele, o ser humano virou bicho, não se sente um pensador, contrapondo o que o filósofo Aristóteles dizia sobre as qualidades que o tornam ser humano: ter criatividade e saber negociar.
“Só mandamos nos animais porque temos ideia. Mas quando a mão de obra é tratada como bicho que não pensa, surge o ódio ao trabalho. E com isso, criaram a avaliação de desempenho, que é pra cavalo; plano de cargos e salário, uma das maiores lástimas do mundo, porque tabelou todo mundo por igual; e a isonomia salarial. Não importa a competência, se você está em uma mesma função que o outro, receberá o mesmo salário”, afirmou.
Com a quarta revolução, na década de 70, quando houve a união do computador com o satélite, o mundo competitivo mudou. Hoje, ganha-se pelo talento e não pela tabela, por isso, é errôneo achar que o mundo está em crise. Para o palestrante, está em constante transformação. “A revolução agora não está nos meios de produção, mas na base da economia, que deixou de ser material e passou a ser espiritual”.
Para exemplificar, Ludwig citou o caso de marcas valiosas no passado, como a Esso, que hoje foram ultrapassadas por “marcas que vendem espírito”, design e beleza, como a Apple. “São empresas que não tem grandes frotas, muitos funcionários, e no caso da Apple, nem o computador é dos melhores, mas ele é lindo”, comentou.
Já o fenômeno mundial da “uberização” da economia, que tira o negócio das mãos do intermediário, é um exemplo de inovação que muda completamente toda uma indústria e o comportamento do consumidor, com atendimento e vendas sendo realizadas através de aplicativos de celular e tablets.
Na economia da rede, todas as transações passam a ser feitas através de bits, como a tecnologia Blockchain, estrutura de dados que representa uma entrada de contabilidade financeira ou um registro de uma transação. Nos Estados Unidos, a candidata à presidência Hillary Clinton já anunciou que em seu governo o serviço público vai ser todo realizado através dessa tecnologia.
“Começamos como tribo e domínio do fogo, fomos para o arado com a família. Passamos pela indústria, e agora tudo é rede, mas o serviço público do Brasil é da era antes de Ford. Tem protocolo ainda”, disse.
Para os empresários, Luiz Ludwig deixa um recado. “Quer ser competitivo? Inove! As ideias estão no futuro que não existe e pode ser criado. Não está previsto, mas as tendências são identificadas. E ouçam: o jovem está sempre certo sobre o futuro”, indicou.
E não há grandes fórmulas para saber se algo vai dar certo. Segundo o professor, basta perceber que se alguém entrou na justiça, é porque vai ser sucesso. Este é o caso atual dos taxistas contra o Uber e, antes, das empresas de telefonia contra o Whats App.
Sobre o serviço de asseio e conservação, o palestrante é catedrático em dizer que é necessário que os empresários se atualizem sobre o que a nova geração de clientes deseja. “Não vai na onda da velharia que vai dar errado”, brincou.
A estratégia, portanto, é decidir contra quem irá competir e o que fazer. Se a competição for só com base em preços, a empresa está acabada.
“O serviço é intangível e o resultado é sentimento. Vocês não entregam geladeira, entregam sentimento”, disse Ludwig, que ainda deixou mais um conselho: “Vocês têm que se unir cada vez mais. O negócio é o poder do conjunto. E não esqueçam que o cliente está sempre razão, ele está no controle, porque o dinheiro está no bolso dele e você quer que venha para o seu. Temos que aumentar o valor percebido pelo cliente pelo menor custo com conhecimento. Portanto, agrade-o sempre”.
Quanto à inovação no país, para Ludwig, falta muito ainda, porque as pessoas confundem criatividade com inovação. “O Brasil não cresce porque não tem resultado. Se não cresce, não tem emprego e nem investimento. O que falta nesse país é líder. Criatividade é coisa de pobre. Uma coisa é uma ideia e outra é resultado, isso é inovação. Inovação é talento, não é conhecimento. As pessoas recebem pela raridade e não pela importância”, pontou.
Para inovar, os empresários devem perceber que todas as inovações da humanidade foram feitas com metas impossíveis. “Coloque uma meta difícil e não contrate gente que goste de trabalhar, contrate gente talentosa. A competitividade está baseada em gente. A única coisa que presta na tua empresa são as pessoas que você tem lá”.
Mas ter talento, segundo o especialista, é diferente de capacitação. É o que uma pessoa faz diferente da outra, o que envolve sentimento, pensamento e, principalmente, comportamento produtivo quando aplicado.
Por último, Ludwig deixa a mensagem: “parem com essa coisa de dividir mão de obra de quem pensa. É o valetudismo que funciona”, disse.
Fonte: Assessoria de Comunicação Febrac e com informações da Assessoria de Imprensa do Seac-RJ- 4/10/2016.